Descoberta: mega-tsunami abala o mundo por 9 dias em 2023 27225t
Os cientistas fizeram as primeiras observações diretas de um estranho evento sísmico que sacudiu o mundo por nove dias consecutivos em 2023. Assim, confirmou sua causa: dois “mega-tsunamis” que se arrastaram em torno de um fiorde na Groenlândia Oriental. As ondas gigantescas – uma das quais mediu 200 metros de altura, ou cerca de metade da altura do Empire State Building, revelou a Live Science – entraram no fiorde de Dickson, na Groenlândia Oriental. Até hoje, o pior tsunami da história em tamanho mediu 525 metros de altura, e aconteceu em 1958 na Baía Lituya, Alasca 3c1j1s
Uma das ondas mediu 200 metros de altura! 162h3i
Uma vez dentro do fiorde, as ondas balançaram para frente e para trás por nove dias, em setembro de 2023, enviando ondas sísmicas que reverberaram através da crosta do planeta.
A notícia do megatsunami parece sensacionalista, mas é real. Saiu nas manchetes da mídia mundial, inclusive na respeitada BBC. Em setembro de 2023, um estranho sinal sísmico global apareceu a cada 90 segundos, durante nove dias seguidos. E, acredite, o fenômeno se repetiu um mês depois.
Acredita-se que as ondas tenham ficado presas no sistema do fiorde, formando ondas estacionárias (efeito ‘seiche’) que ondulavam para frente e para trás, causando os sinais misteriosos. Em um estudo, pesquisadores de Oxford usaram novas técnicas de análise para interpretar dados de altimetria por satélite. Ou seja, dados que medem a altura da superfície da Terra (incluindo o oceano), registrando quanto tempo leva para um pulso de radar viajar de um satélite para a superfície e voltar novamente. O trabalho foi publicado na Nature Communications.
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Quando estive no Lago Guaíba a primeira vez, na viagem de 2005 até 2007, entrevistei o PhD Luiz Fernando Cybis, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sobre a formação do Lago.
Cybis explicou que ‘poucos corpos d’água no planeta apresentam o efeito seiche‘. Esse episódio hidrodinâmico acontece em corpos d’água fechados ou semi-fechados, quando algum fator perturba a superfície. Então, a gravidade tenta restabelecer o equilíbrio. Isso gera uma oscilação vertical que se propaga pela massa d’água. O fenômeno acontece no Lago Guaíba quando entra vento de Sul. Agora imagine um fiorde imenso, cercado de paredões de pedra, com ondas de até 200 metros de altura indo de um lado para o outro durante 9 dias consecutivos!
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Conheça o satélite que detectou o mega-tsunami 2e1x5z
O estudo sobre o megatsunami usou dados capturados pelo novo satélite Superfície de Águas Oceânicas (SWOT). O satélite foi lançado em dezembro de 2022 pela NASA, para mapear a altura da água em 90% da superfície da Terra.
No centro do SWOT, explica o Phis Org, está o instrumento de ponta Ka-band Radar Interferometer (KaRIn). Ele utiliza duas antenas montadas numa lança de 10 metros em cada lado do satélite. Estas duas antenas, por suas vez, trabalham em conjunto para triangular os sinais de retorno que ricocheteiam do pulso do radar permitindo-lhes medir os níveis do oceano e da água da superfície com uma precisão sem precedentes (até 2,5 metros de resolução) ao longo de uma faixa de 30 milhas (50 quilômetros) de largura.
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Segundo a Phis Org, para provar sua teoria, os pesquisadores ligaram essas observações a pequenos movimentos da crosta terrestre medidos a milhares de quilômetros de distância. Essa conexão permitiu reconstruir as características da onda, mesmo para períodos que o satélite não observou. Os pesquisadores também reconstruíram condições climáticas e de maré para confirmar que as observações não poderiam ter sido causadas por ventos ou marés.
O aquecimento global e os mega-tsunamis 6gn34
O Mar Sem Fim já comentou outro tipo de tsunami, provocado por deslizamentos de terra que, embora raros, podem ser devastadores. Eles têm potencial de mudar totalmente o sistema de navegação do Alasca.
E também falamos sobre o efeito do aquecimento global sobre os tsunamis. Por exemplo, em maio de 2023, a revista Nature Communications publicou um estudo preocupante para os Sul-americanos, neozelandeses e asiáticos. O trabalho demonstra que a mudança climática pode gerar tsunamis gigantescos que já aconteceram na Antártica, no ado geológico, atingindo a América do Sul, Nova Zelândia e Sudeste Asiático.
Agora temos a confirmação. Thomas Monahan, autor principal do estudo em pauta, afirmou: “A mudança climática está criando novos extremos invisíveis. Eles avançam mais rápido em regiões remotas, como o Ártico, onde temos pouca capacidade de medir com sensores físicos. Nosso estudo mostra como a nova geração de satélites pode ajudar a entender melhor esses processos.”
Assista ao vídeo da BBC sobre o mega-tsunami
Ilustração de abertura: New York Post
Um trabalho da Universidade Federal do Paraná constatou alto índice de degradação nas restingas do Pontal do Paraná.
